Resenha: O Conto da Ilha Desconhecida, José Saramago

Editora: Companhia das Letras
ISBN: 978-85-7164-849-4

Sinopse:

O Conto da Ilha Desconhecida - Um homem vai ao rei e lhe pede um barco para viajar até uma ilha desconhecida. O rei lhe pergunta como pode saber que essa ilha existe, já que é desconhecida. O homem argumenta que assim são todas as ilhas até que alguém desembarque nelas.
Este pequeno conto de José Saramago pode ser lido como uma parábola do sonho realizado, isto é, como um canto de otimismo em que a vontade ou a obstinação fazem a fantasia ancorar em porto seguro. Antes, entretanto, ela é submetida a uma série de embates com o status quo, com o estado consolidado das coisas, como se da resistência às adversidades viesse o mérito e do mérito nascesse o direito à concretização. Entre desejar um barco e tê-lo pronto para partir, o viajante vai de certo modo alterando a idéia que faz de uma ilha desconhecida e de como alcançá-la, e essa flexibilidade com certeza o torna mais apto a obter o que sonhou.
"...Que é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não saímos de nós...", lemos a certa altura. Nesse movimento de tomar distância para conhecer está gravado o olho crítico de José Saramago, cujo otimismo parece alimentado por raízes que entram no chão profundamente.

Sinopse retirada do skoob

O que se trata?

Para você, todas as ilhas que existem nesse mundo já foram descobertas, exploradas? Muita gente diz que já, muita gente diz também que não há mais nada para ser descoberto no nosso planeta. Será? Agora, vamos ao livro/conto.
Um homem vai até a porta do rei, lhe pedir um barco porque ele quer achar uma ilha desconhecida. O rei manda o primeiro-secretário atender, quando o primeiro-secretário manda o segundo-secretário atender; como não existe o quarto-secretário, o terceiro-secretário manda a moça da faxineira ir atende-lo. Quando a moça atende, o homem diz que quer falar diretamente com o rei. A faxineira avisa o terceiro-secretário; que avisa o segundo; que avisa o primeiro; e que avisa ao rei. O rei fica pesando "quem teria a audácia de pedir isso?" . Assim que o homem pede ao rei um barco para poder descobrir uma ilha desconhecida, o rei lhe diz que não existem ilhas desconhecidas, que todas já foram descobertas. 
Todos acharam que essa ideia desse homem era bem maluca e que o próprio homem era louco. 


O que achei:

No início do livro está escrito: "Os personagens e situações desta obra são reais apenas no universo da ficção; não se referem a pessoas e fatos concretos, e sobre eles não emitem opinião.", porém, eu achei uma crítica bem forte à humanidade, de achar que tudo no nosso planeta, no nosso conhecimento já está válido, que não precisamos buscar mais coisas, porque tudo já foi descoberto ou, se não foi ainda, outra pessoa poderá fazer isso por nós. 
A escrita de Saramago é uma escrita que eu nunca tinha visto em toda minha vida, achei sensacional a forma como os diálogos são criados. Assim como a Fran do Livro&Café nos diz num vídeo; se não fosse escrito dessa forma, não seria José Saramago. E, realmente, não seria mesmo!
Recomendável, não vejo a hora de ler outros livros desse autor.

Achei esse site com o conto completo, clique aqui para ver.


Beijocas!


2 Comentários

  1. Nunca li Saramago e ler um de seus livros é uma das vontades que tenho, a começar pelo "Ensaio sobre a cegueira". Bela resenha, fiquei com vontade de ler este livro.

    Vivendo o dark side

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    1. Pois é, eu também tenho vontade de ler "Ensaio sobre a cegueira", até achei que seria o primeiro livro que eu iria ler do autor, mas como achei esse conto fininho, fui, e li. Sensacional!
      Obrigada Carol, beijos! :*

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